Crianças concentradas são mais felizes: veja como ajudar seu filho nessa tarefa
Muitas vezes os pais não sabem o que deixa seus filhos pequenos tão agitados e desconectados com o mundo que os cerca, mas nunca pararam para pensar se a criança consegue, de fato, se concentrar nas atividades que faz.
A concentração tem um poder muito além do foco em uma tarefa. Ela permite que a criança fique imersa em um outro mundo: o seu interior. Com isso, ela compreende e desenvolve melhor suas emoções, suas relações sociais e o seu desempenho escolar.
Veja por que isso acontece e como ajudar seu filho a se concentrar melhor.
Os benefícios da concentração na rotina das crianças
De acordo com os ensinamentos da famosa médica e educadora italiana Maria Montessori (1870-1952), quando uma criança não consegue se concentrar, ela apenas executa as atividades que lhe são propostas sem que haja uma verdadeira interação entre ela mesma e a atividade; não há uma conexão interior, o que impede a criança de se autoconhecer e se desenvolver melhor.
Já quando a criança é estimulada a imergir em uma atividade, ela consegue deixar o mundo exterior em segundo plano e, através da atividade, consegue acessar seus sentimentos bons e ruins para encará-los, conhecê-los e moldá-los com o tempo.
À medida que a criança percebe tudo o que se passa dentro dela e consegue lidar com o que sente, também traz esses benefícios para o mundo exterior, tornando-se mais resiliente, sociável e tranquila. Sendo assim, pode-se dizer que o poder da concentração está diretamente ligado à felicidade.
Ao se concentrar em tudo o que faz, a criança começa a descobrir seus propósitos. Ela não faz algo apenas por fazer, e sim, por ter um motivo para fazer. Antes de receber o apoio dos adultos que a cercam para desenvolver sua concentração, a criança sabe de tudo isso, mas apenas de forma intuitiva.
Mas é exatamente essa busca pelo o que é a concentração que faz muitas crianças ficarem inquietas, procurando o que fazer pela casa, abrindo as portas dos armários e tirando todas as louças e roupas, demorar no banho e se recusar a fazer o que não lhe traz uma sensação de propósito; uma motivação verdadeira. Então, como ajudar seu filho a descobrir o poder da concentração e se beneficiar dele?
Como ajudar as crianças a se concentrarem?
Para trazer um conforto ao coração dos pais, a primeira coisa a saber é que as crianças pequenas não se concentram durante longos períodos. Se o seu pequeno conseguir ficar concentrado em uma atividade durante 10 ou 15 minutos já é excelente.
Aliás, o poder da concentração é difícil até para grande parte dos adultos que vivem fazendo atividades apenas por obrigação ou por distração, mas sem um propósito intrínseco. Então, tenha calma. Comece devagar.
Buscar as atividades certas
De acordo com o Método Montessori (baseado nos ensinamentos da médica), o estímulo à concentração da criança ocorre por meio de propostas práticas. A criança precisa de atividades que envolvam as mãos, a mente e o coração; ela precisa querer se entregar por inteiro.
Para isso, as atividades devem ser agradáveis e interessantes, envolvendo o movimento e a independência porque a criança precisa raciocinar; treinar o cérebro; criar perguntas e traçar um caminho para as respostas.
Estimular a independência
É comum que na primeira infância as crianças queiram fazer tudo sozinhas. Isso é ótimo, desde que sejam atividades seguras. Os adultos devem estar por perto, mas não devem dar as respostas e facilitar. O que pode ser feito é o seguinte:
Deixar os itens da casa ou do quarto ao alcance dos olhos e das mãos para que a criança possa pegar sozinha, sem pedir ajuda;
Ensinar a mecânica de funcionamento das coisas que a criança quiser usar, ensinando para que servem e como fazer, sem muitos detalhes. Se ela tiver interesse, vai perguntar. Se a atividade já estiver sendo executada, as demonstrações podem ser feitas em silêncio para não interromper a concentração.
Também devem ser feitas de forma didática, devagar, convidando a criança a praticar também para aprender.
Novos desafios
Quando os pais percebem que a criança deixou de ter interesse por um objeto ou atividade que tanto gostava, quer dizer que o desafio terminou. Ela precisa de coisas novas, de mais estímulos para o seu cérebro.
Sem interrupções
Quando a criança finalmente se interessa por uma atividade e consegue se concentrar naquilo, os adultos nunca devem interrompê-la, a menos que seja realmente necessário. Deixe seu filho fazer sozinho o que ele já consegue. Se ele precisar de ajuda, saberá que é só pedir.
Mesmo que a progressão seja lenta, deixe a criança se desenvolver no tempo dela e a concentração continuará presente na sua rotina. Logo, perceberá a transformação em todas as esferas da vida, inclusive melhorando as relações familiares.